domingo, 27 de novembro de 2011

Para Onde Ir...por Guerreira Xue


Para Onde Ir

O homem encontra a mulher no meio do caminho e pergunta
Para onde vais?
A mulher olha para um lado e vê, uma criança chorando
No outro lado há, vestigios de uma guerra em curso
No lado seguinte uma festa está começando
A mulher então responde...
Não sei...São tantos caminhos para seguir.
E o homem fixando-a, retruca
Vamos para a festa
Lá poderemos dançar e rir
Comer e beber a vontade
Conversarmos sobre coisas agradáveis
A mulher pensa um pouco e diz em seguida
Só vou se for...Para sempre

Nossa Homenagem Para José Carlos Ary Dos Santos


Amêndoa Amarga
Por ti falo e ninguém pensa
mas eu digo minha amêndoa, meu amigo, meu irmão
meu tropel de ternura, minha casa
meu jardim de carência, minha asa.

Por ti vivo e ninguém pensa
mas eu sigo um caminho de silvas e de nardos
uma intensa ternura que persigo
rodeada de cardos por tantos lados.

Por ti morro e ninguém sabe
mas eu espero o teu corpo que sabe a madrugada
o teu corpo que sabe a desespero
ó minha amarga amêndoa desejada.


Quando Um Homem Quiser
Tu que dormes a noite na calçada de relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão

E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão

Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher

Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e combóios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão

E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão

Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher



Desespero
Não eram meus os olhos que te olharam
Nem este corpo exausto que despi
Nem os lábios sedentos que poisaram
No mais secreto do que existe em ti.

Não eram meus os dedos que tocaram
Tua falsa beleza, em que não vi
Mais que os vícios que um dia me geraram
E me perseguem desde que nasci.

Não fui eu que te quis. E não sou eu
Que hoje te aspiro e embalo e gemo e canto,
Possesso desta raiva que me deu

A grande solidão que de ti espero.
A voz com que te chamo é o desencanto
E o esperma que te dou, o desespero


Os  putos
Uma bola de pano, num charco
Um sorriso traquina, um chuto
Na ladeira a correr, um arco
O céu no olhar, dum puto.

Uma fisga que atira a esperança
Um pardal de calções, astuto
E a força de ser criança
Contra a força dum chui, que é bruto.

Parecem bandos de pardais à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos
Mas quando a tarde cai
Vai-se a revolta
Sentam-se ao colo do pai
É a ternura que volta
E ouvem-no a falar do homem novo
São os putos deste povo
A aprenderem a ser homens.

As caricas brilhando na mão
A vontade que salta ao eixo
Um puto que diz que não
Se a porrada vier não deixo

Um berlinde abafado na escola
Um pião na algibeira sem cor
Um puto que pede esmola
Porque a fome lhe abafa a dor.





Grande Poeta!!!

A Folha...AA


A folha

Não posso dizer que entrei dentro de ti. Naveguei contigo talvez. Ou naveguei em ti.
Eras verde e eu uma sombra que olhava o teu corpo à distância de uma rua.

Quando finalmente ganhei coragem para a atravessar, vi-te castanha e a cair. E foi então que naveguei contigo.
Ou naveguei em ti.
Não sei.
Sei, que de sombra passei a pássaro e ainda não tocamos o chão.

 


Som...Por AA


Som

Gosto do som do
prego
quando entra na parede.

Não é um som como
pássaros a chilrear no
bosque
ou sussurros ao
ouvido.

É um som puro onde não
há solidão
nem outra coisa qualquer,

apenas o som de um
prego
a entrar na parede.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Todos Os Amores-Homengem Para Pablo Neruda


http://slurl.com/secondlife/Portugal%20Center/162/124/24
"Se nada nos salva da morte, que ao menos o amor nos salve da vida."
Desta vez as Noites de Poesia são dedicadas a Pablo Neruda, com o tema: 
Todos os Amores. Às 2h30 pm slt, de quarta-feira, 16 de Novembro, apareçam :)

Pido Silencio
A hora me dejen tranquilo.
Ahora se acostumbren sin mí.
Yo voy a cerrar los ojos.


Y sólo quiero cinco cosas, 
cinco raíces preferidas. 


Una es el amor sin fin. 


Lo segundo es ver el otoño. 
No puedo ser sin que las hojas 
vuelen y vuelvan a la tierra. 


Lo tercero es el grave invierno, 
la lluvia que amé, la caricia 
del fuego en el frío silvestre. 


En cuarto lugar el verano 
redondo como una sandía. 


La quinta cosa son tus ojos, 
Matilde mía, bienamada, 
no quiero dormir sin tus ojos, 
no quiero ser sin que me mires: 
yo cambio la primavera 
por que tú me sigas mirando

 

"Si Tu Me Olvidas"
By Pablo Neruda

Quiero que sepas
una cosa.

Tú sabes cómo es esto:
si miro
la luna de cristal, la rama roja
del lento otoño en mi ventana,
si toco
junto al fuego
la impalpable ceniza
o el arrugado cuerpo de la leña,
todo me lleva a ti,
como si todo lo que existe:
aromas, luz, metales,
fueran pequeños barcos que navegan
hacia las islas tuyas que me aguardan.

Ahora bien,
si poco a poco dejas de quererme
dejaré de quererte poco a poco.

Si de pronto
me olvidas
no me busques,
que ya te habré olvidado.

Si consideras largo y loco
el viento de banderas
que pasa por mi vida
y te decides
a dejarme a la orilla
del corazón en que tengo raíces,
piensa
que en esa día,
a esa hora
levantaré los brazos
y saldrán mis raíces
a buscar otra tierra.

Pero
si cada día,
cada hora,
sientes que a mí estás destinada
con dulzura implacable,
si cada día sube
una flor a tus labios a buscarme,
ay amor mío, ay mía,
en mí todo ese fuego se repite,
en mí nada se apaga ni se olvida,
mi amor se nutre de tu amor, amada,
y mientras vivas estará en tus brazos
sin salir de los míos.
Antes De Amarte, Amor, Nada Era Mío

Antes de amarte, amor, nada era mío,
vacilé por las calles y las cosas,
Nada contaba ni tenía nombre,
El mundo era del aire que esperaba.

Yo conocí salones cenicientos,
Túneles habitados por la luna,
Hangares crueles que se despedían,
Preguntas que insistían en la arena.

Todo estaba vacío, muerto y mudo,
Caído, abandonado y decaído,
Todo era inalienablemente ajeno.

Todo era de los otros y de nadie,
Hasta que tu belleza y tu pobreza
Llenaron el otoño de regalos