terça-feira, 10 de julho de 2012

Se Eu Não Fosse... Eu...O Que Seria?

Se Asim Não Fosse
Sou o que sou! Sim. Mas o que sou? Sou semente de sentimentos sólidos. Serei? Sou, somente, centro de sensações. Serei?! Não sei. Sou sede de sentir. Isso eu sei. Seguramente, sou cem vezes sincera, sem que isso seja simpático. Sou cem simplicidades sem simplicidade. Céus! Sou sinalefista não sou simétrica. Sou silvestre, mas não silvo. A seiva, sim, sinto-a no meu ser, às vezes silencioso. Sou de signo sensual Sou sigla Sou sílaba sem senso Sou sexo de sexto sentido Sou sinfonia sem som e também sou sereia. Sou sinónimo de mim, sim. Sou tão simplesmente assim! Se assim não fosse, não sei que seria de mim... BA
Se Eu Não Fosse Eu... Nunca pensei nesta possibilidade Não que tenha lembrança Mas para falar a verdade Agora me ponho apensar Eu podia ser uma coisa qualquer Quem sabe pedra, árvore ou bicho Tenho chance de não nascer mulher Uma barata! Credo que nojo. Posso ser o sino da igreja A porta do cinema O raio que relampeja Podia ser o canto da ciriema Acho que para não ser eu Tem que valer muito a pena Amo tanto aquilo que é de meu Posso fazer o seguinte ...Se eu não fosse eu Queria ser Eu.
Guerreira Xue
Só Queria Ser Gata
Se eu não fosse eu só poderia ser uma gata Malhada, parda, tricolor, olhos de berlindes Amarelos, olhos de ver para além do sol Para além das nuvens que teimam em voar Focinho molhado e sonhos leves, doces Se eu não fosse eu era uma gata vadia Das dos telhados, das que se esquivam Das que não se domesticam, nem dão a mão Não estremecem no colo dos humanos Não falam nem riem até às lágrimas Se eu não fosse eu só queria ser uma gata Borralheira, suja, despenteada, lunática A rebolar-me no verde dos campos azuis Alegre, feliz com ninharias, enlouquecida A correr atrás de pirilampos assombrados


PaulaJ
E Serei De Atlas coluna vertebral sou renascido corpo envolto em terra de Gaia sou a semente atirada ao vento quente e por mares me lancei caravela dançando a leste de mim e para além do mar te procurei sem nunca te encontrar Sou o Centauro ferido por flecha Condenado a ter de amar A beber sonhos emprestados num charco azul na madrugada Serei talvez tudo Ou uma mão cheia de nada Serei apenas um nome por dizer Escrito no infinito horizonte E que os deuses esqueceram hoje e sempre
Wan

A Queda

Queda De Um Dia
Espero-te,
num arrepio
que me estremece a alma
e dá voz ao meu corpo.

Espero-te,
numa nuvem de suspiros
que ecoa distante,
perto do mar.

Espero-te,
num desejo feito brisa
que promete
verão no inverno.

Mas a espera
é pura fantasia!
É sonho de alguém
que está refém da queda de um dia.

BA


EM QUEDA ...LIVRE
De repente a cidade parou sonolenta
Brincam os deuses nus de olhos vendados jogos de amor
Dançam rituais   ao anoitecer entre nuvens azuis  e  estrelas cadentes
Há muito que adormeceste também
Sistematicamente vais com a madrugada
Deixas me sempre essa nostalgia  das coisas por fazer
Dos instantes por viver
Vais
.... E eu caio dentro de mim em queda livre
Pedra lançada no charco da indiferença dos outros
Escorrego  nas paredes lisas de um poço sem fundo
Rodopio num turbilhão de luzes sem fim
Sou o poema por escrever com palavras por dizer
O quadro que não pintei  com as cores que do arco iris roubei
Eu que naufraguei no cosmos a anos luz
 Procuro agora a via  lactea
Ponto referência -encontro talvez ai
........estejas  a fiar sonhos num tear de ouro a contra luz

Wan

Mais Alto Do Que As Nuvens

 A gata preta e branca continua ali,
À espera, parada a olhar para mim.
Não me volto a levantar,
Porque não quero,
Prefiro estar aqui esticada no chão,
Do que ter de enfrentar o dia,
O trabalho, a vida.

Às vezes basta a frescura da manhã
Para saber que ainda sou gente.
Não me volto a precaver,
Não estou para isso,
Prefiro que o sol me queime,
Do que ficar esturricada  sem odor,
Sem vontade, sem paixão.

Nem sempre os rouxinois cantam,
nessas alturas só há o silêncio.
Não me volto a despedir,
Porque doi cá dentro,
Prefiro que tenham saudades,
Do que ficar a ver as partidas,
Impotente e triste.

O roxo dos sinos das dormideiras,
o sossego de uma noite sem fim.
Não me volto a erguer do chão,
Não estou para isso,
Prefiro morrer a ter de acordar,
Agora que estava a cair, no meu sonho,
Depois de voar mais alto do que as nuvens.

 PAULAJ

 Queda Mortal
De tanto voar aos céus
Deixei de olhar o mar
E ao pensar nos outros
Esqueci dos meus

De tanto buscar alturas
Não percebi o meu par

Agora de asas quebradas
Não tenho como voar
Passo os dias na solidão
Nem tenho com quem falar

E ainda que não fosse muito
Sabia que um dia ia parar
Porém a minha queda foi grande
E conseguiu me atrofiar
Hoje espero a morte
E mesmo a dita, demora a chegar.

Guerreira Xue