domingo, 30 de outubro de 2011

Quadras...Por Fernando Reis Costa


SAUDADE
Dizer o que é "Saudade"?
Nem filosoficamente!
Só se sente; ninguém sabe
O que é concretamente!...

FONTE DO AMOR
Fui à fonte e não te vi,
Como era meu desejo;
Mais sede ainda senti
Por não beber o teu beijo!

VOLTEI À FONTE
Nessa fonte onde voltei
Matei a sede d'amor...
Foste tu qu'eu encontrei,
Devo a Deus esse favor!

TREVO 
Ó trevo de quatro folhas,
Símbolo da felicidade!
Como tu, quando me olhas,
Fico feliz de verdade!...

SABEDORIA
Quando Sócrates dizia:
(Eu) "Só sei que nada sei",
Mostrou que a sabedoria
É seu trono, a sua lei!

MENTIRA
A mentira e a má-fé
São como bala perdida
Que atinge o próprio pé
De quem do mentir faz vida!

PRIMEIRO BEIJO 
Nossos lábios se colaram
Num beijo tão demorado
Que mil desejos ficaram
P’ra outro beijo ser dado!

SEGUNDO BEIJO
Nosso amor foi consumado
Com esse primeiro beijo
Um sonho concretizado
Tal como nosso desejo!

AMOR…
Definir o que é o “Amor”
Ninguém há-de conseguir.
Podem dizer o que for...
O amor está no sentir!

ERRAR...
Erros, ninguém os aprova,
Mesmo até em poesia!
Quatro versos tem a trova
Mas com medida e mestria!...

PENSANDO 
Penso, logo existo (*)
Passo a vida a pensar
Penso em ti e não desisto
Logo, existo p’ra te amar!
(*) “Cogito ergo sun” - Descartes)

SOB O LENÇOL
Entre dois lençóis de linho
Bordados com tal primor,
Enlaçados nesse ninho,
Sentimos o que é o amor!...

POETA SONHADOR
O poeta é sonhador!
Sonha de noite e de dia.
Escreve versos d'amor,
Faz dos sonhos poesia!...


quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Estado De Alma

...
Por Fernando Reis Costa

Sei que pouco ou nada sei
Quando a muitos comparado.
Ser poeta… não serei !
E se sou, sê-lo-ei pouco.
Mas se o poeta é louco...
Enlouqueci: pois pensei
Fazer dos versos meu fado !...






quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Dia Do Poeta

Ser Poesia...por Fernando Reis Costa

P’ra se escrever um poema
Tem que existir sentimento;
Tem que existir emoção
Nas palavras que dizemos
E sentir nesse momento
Que quem fala é o coração!

Não basta pegar a pena,
Rebuscar palavras “finas”
P’ra maior exaltação!...
P’ra se escrever poesia,
Mesmo até de pobres rimas
Ela deve ter mensagem!...

Ser poeta, é personagem
D’alegria ou sofrimento:
É dizer com a coragem
Que só ele pode expressar
Nos versos que declama
Os modos do verbo amar!...

Ser poeta é ser maior...
É ter no sangue a poesia;
É ser rei e ser senhor
Da tristeza e d’alegria!
É escrever com muito amor
O amor que contagia!...


(inspirado em Florbela Espanca e Camões)




O Mundo Das Palavras...Por Xue
Toda palavra tem poder
Quando falamos é projetada
Para longe o vento carrega
Quando escrevemos alguem lê
Palavras de amor
palavras de afeto
Palavras de dor
Palavras boas e más
Palavras que ofendem
Palavras que todos escutam
todos leem
E poucos compreendem

No desenho ela é pintada
Na mímica é representada
Nenhuma palavra é desperdiçada
A única palavra perdida é aquela
Que nunca em tempo algum foi pronunciada


Hoje Tenho Todas As Nuvens Cinzentas Deste Mundo Nos Meus Olhos...por PaulaJ

Não me importa que as moscas me cubram o corpo, que o sol escureça
E que as televisões se liguem em todas as casas ao mesmo tempo
Não me importa que os ruídos das máquinas me rompam os tímpanos
Que não haja música nesta casa de aldeia e de gatos a subirem paredes
Já tenho saudades dos teus passos, mesmo antes da tua voz ter partido
E das tuas mãos, mesmo antes dos teus dedos já não me poderem tocar
E tenho saudades de ti em mim, mesmo antes de me ter ido embora
E dos teus sonhos comigo, mesmo antes de ter deixado de sonhar contigo
Hoje tenho todas as nuvens cinzentas deste mundo nos meus olhos



NO MEU SANGUE HÁ POESIA!...
Por Fernando Reis Costa
Tempos idos, quem diria...
que no meu corpo corria
sangue do meu coração
composto de poesia!

E o sangue, principalmente,
que é a vida da gente,
feito glóbulos, plasma,
onde correm sentimentos,
plaquetas e coisas mais!...

Tantos são os elementos
que, se bem analisado...
tantos são! - Até se pasma!
...Ácidos gordos totais,
carbono, cálcio, minerais,
colesterol, bilirrubina
ferro e creatinita
glucose, adrenalina,
tantas coisas.. tantas mais!...

Quem alguma vez diria
que o composto do meu sangue
tem muito de poesia!?

Sem ela, não viveria...
porque no meu coração
mora a saudade, o amor,
como se fosse alquimia...

Tal como diz Paracelsus...
o bálsamo p'ra toda a dor
da química e da medicina
que corre pelos meus versos!

No meu sangue corre o amor...
Corre muito, em demasia;
em versos soltos, sem rima.
No meu sangue existe amor,
No meu sangue... há poesia




quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Outonais 3



A folha... por AA


Não posso dizer que entrei dentro de ti.
 Naveguei contigo talvez.
 Ou naveguei em ti.
Eras verde e eu uma sombra
que olhava o teu corpo à distância de uma rua.


Quando finalmente ganhei coragem para a atravessar,
vi-te castanha e a cair.
E foi então que naveguei contigo.
Ou naveguei em ti.
 Não sei.
Sei, que de sombra passei a pássaro e ainda não tocámos o chão.


As noites de outono... por BA

Voltaram
as noites de outono.
O céu escuro,
pequenas estrelas,
o frio,
as chuvas,
silêncios no ar,
passos soltos.
Voltaram
as noites de outono.
Noites sozinhas,
noites crentes,
noites quentes.


Poema Para Uma Gata Sábia... por PaulaJ


Pastéis de nata, mil folhas, palitos la reine, champanhe
Não me deixes sozinha nesta noite de verão no Outono
Com memórias de infância a mastigarem-me os olhos


Gata tricolor, pintada com odor de rosas e jasmim
Não saias da cama a meio da noite, fica à minha beira
Adormece-me a sonhar com um Outono de mil cores


Ronrona no meu quase dorso de animal inacabado
Quando cavalgo pela noite, a voar até à insípida lua
Para ela me esconder dos mil pesadelos sem fim


Recorda-me os Outonos que passei escondida de mim
E aqueles em que acordei, disparatei e me apaixonei
Cabelos compridos, fumos cinzentos, amor a mais



Outono... por Eunice 


Outono interior para desfolhar os dias, 
as tardes,
as noites...
para despir emoções e deixar a alma nua
para desembrulhar o presente.
Sempre.




Hoje... por BA


o dia está morno...
um dia de outono!
Há·folhas secas no chão
Lindas!
Há folhas nas árvores
desejando cair,
em voo lento e
Lindo!
Há uma brisa suave
que vem do céu
e que me arrepia o corpo
Tal e qual
como me arrepiaria
a água do mar
neste dia de outono,
 Lindo!
Há um cheiro no ar:
Castanhas assadas
    Hum!
E há uma vontade imensa
  de voar por toda a Terra.
Voar sozinha
e conquistar o Mundo
neste dia de outono.
    Lindo!...


O Poeta e a Primavera... por Fernando Reis Costa


Começa a Primavera... E que alegria!
Abrem-se os corações, brotam as flores,
E os poetas, nas canções da poesia,
Mais inspirados estão com seus amores!...


Cantam mais alto, em verso, os seus louvores!
E aos seus amores, em grande apologia,
Doam versos em forma de flores
De toda a Primavera deste dia!


Renasce a Primavera! E, na poesia,
Os cânticos d'amor e de saudade!
E quanta dor e pranto, e nostalgia...


O poeta transforma em alegria
Nos versos d'amor e d'amizade
Da sua Primavera: - a Poesia!...

PS - Muito especialmente para as/os Amigos/as brasileiros.
Em Portugal: Outono; no Brasil...inicio da primavera!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Outonais 2

Outono míope...Por AA
(Cinco breves poemas míopes de Outono escritos em breves cinco minutos)*

1. Ontem vi três folhas breves.
Deslizavam suaves pelo ar, cada uma dançando com outra.
Tentei agarrar a mais dourada, mas tropecei e parti a cabeça.

2. Apaixonei-me por ti ao primeiro vislumbre.
Sorri, ao ver as estrelas douradas desprendendo-se dos teus cabelos.
Pus os óculos e eram apenas folhas de Outono.

3. Debaixo da árvore seminua, parecias uma pintura deMonet, teus cabelos pontilhados e brilhantes.
Alonguei meus dedos e toquei esses pontos que enfeitavam o douradodos teus cabelos.
Era só merda de pombo.

4. No banco de jardim, o teu corpo sorria enquanto eu,olhando-te de longe,dançava na distância do amor impossível
.O escultor que te fez, já morreu há mais de cem anos.

5. No lago do Campo Grande, remamos mansosum para o outro.
Mais cinco metros e poderás ser minha.
O teu olhar está preso no meu e as ondas que suavesnos embalam, são ouro como as folhas no Outono.
Pena a ponte baixa que não vi e me fez cair do barco.

*”Poema” inspirados numa história verídica contada pela Paula.


Ruas De Outono... por Xue

Toda estação muda o tempo,
Tranformam-se as cores,
Os caminhos se enchem de folhas .
Estas tomando o lugar das flores.

E como um tapete natural
vamos deslizando pela vida
Um flanar morno no espaço
Num silencio quase celestial

Silencio que é quebrado apenas
Pelo farfalhar do vento indo e vindo
E o movimento de meus passos
Voce não voltas mais meu amor.
Vou juntando meus destroços

Percebo esta luz amarela
Que faz da tardinha  tristonha
Uma imagem única.
E por um breve momento
Consigo me esquecer a dor.

Reinventa... por BA

Sopraram-me à porta
em jeito de pulsação.
Espreitei a ver quem era
mas a ninguém estendi a mão.

Era o Outono precoce,
em figura invisível
de vestes laranja, compridas,
numa postura incrível!
Nunca assim tinha visto!

Parei-me de admiração
e ele falou-me que vinha
por uma simples razão:
aquecer o meu coração!
Sabia do meu desamor,
do meu Inverno no Verão
e diz que para coisas assim
não há como mudar de Estação.

«Que me trazes tu, então?
Boas novas para me alegrar?»

Mas ele não trazia nada
diferente para me ofertar:
sol e chuva, sombra e vento,
incertezas a todo o tempo.

«Como queres tu, então,
aquecer-me o coração?»

«Com cor e imaginação.»
Disse-me ele com cautela
mas muita determinação.
«Cada uma das minhas letras
segreda luz e ilusão;
reinventa os teus desejos








                                                                                Calor de Outono - a propósito de sentir os poemas... por PaulaJ
Mais um dia de verão, de gin com coca-cola gelada, de sede
Abro o caderno rasgado nas folhas verdes, as dos poemas
Não os entendo, leio-os, não os declamo, sinto-os e cuspo-os
Poemas que não se dizem, que estão cá dentro, que me sufocam
Quando os meus lábios se tornam mais rápidos que a manhã
Os poemas de Outono, os das folhas caídas, das cores do Gerês
Os que têm todos os odores frescos num frasco cheio de mel
Às vezes também sou um poema, quando desapareço nas salinas
E os olhos se confundem com os dos gatos enrolados no telhado
Poema que não existe neste calor de tardes infindáveis, de folhas
Porque nem todos conseguimos sentir a espessura das palavras
Que não posso voltar atrás, que moro no aqui e no agora
Que tudo é tão leve como o teu corpo de gatita já triste



Conheço folhas agrestes... por AA

Conheço folhas agrestes que dançamem cima de pássaros doidos,
que bebem a paisagem como espelhos de  sentido único.

Olá, estás boa? Palavras,
 três,ponto de interrogação.
Quem diz isso?
Que pedras ousam invadir o sono
de quem nunca dorme?

Pássaros agrestes caminham por vezes sobre
folhas azuis sem saber da águaa sua sombra.      
Espelhos solitários de sentido único.

Conheço muros que se desfazem na insensatez do seu
sonambulismo.                                            
Que nunca dormem, mas ferem de palavras a paisagem
arrumada em cestos de verga.
Onde está o sentido do Verão?            
Que rua se solta quando gritamos?                      
Que passos não damos      
quando espelhos, como folhas loucas
enchem de tinta os nossos ouvidos?  
Não há flores que resistam
 ao passar suave da minha loucura.

Conheço muros e conheço ervas,
 fantasmas que teimam em dizer   ali ou
aqui.      
Nuvens desfeitas por palavras breves.    
Mas o que importa
se cinco páginas valem mais que duas vidas,
tres  sonhos  mais que uma paisagem,
um graal, uma eternidade?
Há palavras loucas na sua simplicidade
que me fazem acordar a meio da noite,
vermelhas,que dançam nas paredes e,
 ali quieta,  a minha toalha,
ou a minha sombra.

Olá! O dia está excelente e podemos
voar.
Anémonas azuis repletas de Verão.
Água.
Conheço algas que como portas
se abrem no seu silêncio aquático,  
como livros bebem os olhos e gritam  
riem da boca que soletra a sua paisagem.
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Terrível  gosto este das bocas,
dos centímetros que navegam
sem rumo.   Pedras soltas.
E conheço folhas agrestes que dançam
suaves em cima de pássaros
           
paisagensde sentido único.
 Olá!
Estás boa?

O verde é apenas a refracção de um raio
vermelha   a porta com que te
chamo,    
incêndio!,
incendeio os meus dedos,
grito e mudo te olho,
mundo.  
Cor.  
Reflexo.  
Silêncio.

Conheço imagens em papel e tinta que
bebem agrestes os silêncios,    
como pássaros de sentido único,
ouvindo espelhos doidos.
25   10   48

Cinquenta anos depois,
bebo a paisagem
e não sei o sentido.




Outonais 1


Chanson d'automne                     Canção de Outono 
  Paul Verlaine                                    Trad: Onestaldo de Pennafort
                                                       
Les sanglots longs                                         Os longos sons
Des violons                                                   dos violões,
De l'automne                                                 pelo outono,
Blessent mon coeur                                       me enchem de dor
D'une langueur                                              e de um langor
Monotone.                                                   de abandono


Tout suffocant                                               E choro,quando                                
Et blême, quand                                            ouço, ofegando,
Sonne l'heure,                                               bater a hora,
Je me souviens                                              lembrando os dias,
Des jours anciens                                          e as alegrias
Et je pleure.                                                  e os ais de outrora.

Et je m'en vais                                              E vou-me ao vento
Au vent mauvais                                           que, num tormento,
Qui m'emporte                                              me transporta
Deçà, delà,                                                   de cá pra lá
Pareil à la                                                     como faz á
Feuille morte.                                                folha morta

Outonal
        Eduardo Victor Visconti  


O Outono é lânguido e doce…
Em tudo os mesmos tons fanados,
A mesma luz pálida e frouxa.
– O Outono é como se fosse
Ocasos alongados…

Sempre a meia tinta roxa
Dos clarões crepusculares.
Tudo vago, indeciso…
Entre a neblina cinzenta, diviso
Um lenço branco, como a enviar saudades…

Pela paisagem anda esparsa
A sombra, a melancolia…
Às montanhas envolve a névoa garça.
O melro um triste canto preludia…

São velhos os troncos
A paisagem sem viço e sem frescura:
Ao longe os penedos broncos
Projetam sombra escura…

Sinto o ritmo nostálgico do Outono
Na cor, na luz, no soluçar das águas…

Ao vento, bailam folhas amarelas,
A Natureza dorme um calmo sono,
Há em tudo um lamento impreciso de mágoas,
Erram na bruma sugestões de velas…
O Outono é plácido, macio,
Nele vive dispersa,
A saudade dolente do estio…

Outonal
Florbela Espanca


Caem as folhas mortas sobre o lago;
Na penumbra outonal, não sei quem tece
As rendas do silêncio… Olha, anoitece!
- Brumas longínquas do País do Vago…

Veludos a ondear… Mistério mago…
Encantamento… A hora que não esquece,
A luz que a pouco e pouco desfalece,
Que lança em mim a bênção dum afago…

Outono dos crepúsculos doirados,
De púrpuras, damascos e brocados!

- Vestes a terra inteira de esplendor!
Outono das tardinhas silenciosas,
Das magníficas noites voluptuosas
Em que eu soluço a delirar de amor…

Canção Outonal 
Federico García Lorca

Hoje sinto no coração
um vago tremor de estrelas,
mas minha senda se perde
na alma da névoa.
A luz me quebra as asas
e a dor de minha tristeza
vai molhando as recordações
na fonte da idéia.

Todas as rosas são brancas,
tão brancas como minha pena,
e não são as rosas brancas
porque nevou sobre elas.
Antes tiveram o íris.
Também sobre a alma neva.
A neve da alma tem
copos de beijos e cenas
que se fundiram na sombra
ou na luz de quem as pensa.

A neve cai das rosas,
mas a da alma fica,
e a garra dos anos
faz um sudário com elas.

Desfazer-se-á a neve
quando a morte nos levar?
Ou depois haverá outra neve
e outras rosas mais perfeitas?
Haverá paz entre nós
como Cristo nos ensina?
Ou nunca será possível
a solução do problema?

E se o amor nos engana?
Quem a vida nos alenta
se o crepúsculo nos funde
na verdadeira ciência
do Bem que quiçá não exista,
e do mal que palpita perto?

Se a esperança se apaga
e a Babel começa,
que tocha iluminará
os caminhos na Terra?

Se o azul é um sonho,
que será da inocência?
Que será do coração
se o Amor não tem flechas?

Se a morte é a morte,
que será dos poetas
e das coisas adormecidas
que já ninguém delas se recorda?
Oh! sol das esperanças!
Água clara! Lua nova!
Corações dos meninos!
Almas rudes das pedras!
Hoje sinto no coração
um vago tremor de estrelas
e todas as coisas são
tão brancas como minha pena